01 fevereiro, 2014

Dieta para engordar

Pode parecer um sonho, mas as magrinhas reclamam: engordar não é fácil


No almoço, uma baita lasanha de presunto. Para o lanche, hambúrguer com batatas fritas. Na hora do jantar, bife, panquecas de queijo e uma farofinha para acompanhar. Ah, não pode esquecer da sobremesa. Enquanto a maioria das mulheres vive uma eterna luta contra a balança, outras comem de tudo e um pouco mais. Sem peso na consciência, devoram as delícias fritas, empanadas e gordurosas das quais tanto fugimos. Deu inveja? Nada disso! O que poderia parecer um privilégio, não passa de sofrimento. Magrinhas, elas têm dificuldade para engordar um quilo que seja.
Para quem vive às voltas com dietas mirabolantes, querer engordar pode parecer loucura. Mas quem sai em busca de uma calça 36 sabe como é difícil manter um pouco de volume no corpo. Que o diga a assessora de imprensa Adriana Menezes, 28 anos. Com 1,63 metro, Adriana já chegou a pesar parcos 48 quilos. “Estava muito magra, me sentindo péssima. Foi quando resolvi fazer um regime para engordar. Demorei um ano até conseguir ganhar um pouco de peso”, conta a assessora, hoje com 52 quilos. Mas não pense que o regime acabou. Adriana luta diariamente para manter os quatro quilos adquiridos. “Como muita batata, pão, açaí e banana. Tudo o que existe de mais calórico”, esnoba.
No cardápio de Adriana, não podem faltar doces. “Chocolate todo dia, nem que seja uma barrinha. E, além das refeições, tomo Sustagem com leite. Produtos light, nem pensar!”, vai logo avisando. As idas ao supermercado são cercadas por cuidados. Adriana faz uma busca por alimentos recheados de gordura, açúcar e calorias. “Mesmo tendo engordado quatro quilos, ainda estou magra. Por isso, costumo olhar as embalagens, dando preferência ao que tiver maior valor calórico. Se não tomar esse cuidado, em dois dias perco um quilo”, explica, mesmo sabendo que muita mulher não vai chegar nem perto de entender.
A assessora vive o sonho de qualquer uma. “Levo um mês inteiro comendo feito louca. Isso, para ganhar um único quilo. Sempre sofri para ganhar peso. Fiz dieta de engorda a vida inteira. Durante a infância, meu apelido era pipa: se batesse um vento, voava”, ri de si mesma Adriana, que resolveu fazer as pazes com o espelho. “Fui uma adolescente complexada. Pernas finas, pouco quadril e nenhum bumbum. Nas festas, enquanto as mais redondinhas arrumavam namorados, eu ficava sozinha. Cheguei até a usar calça de cotton por baixo do jeans, só para dar mais volume. Me sentia um patinho feio”, recorda.
Um metabolismo como o de Adriana pode parecer o ideal para quem está acima do peso. Mas a dificuldade para engordar pode se tornar um grande inimigo do organismo, assim como da auto-estima. Ao contrário do que se imagina, ganhar peso não se resume a comer muito. Para não correr o risco de, junto com os quilos a mais, adquirir problemas de saúde, é preciso saber o que comer.
Engordando com saúde
Já que é preciso comer, o ideal é ingerir alimentos que não façam mal. A nutricionista Leda Sequeira, autora do livro “Detesto Dieta” (Brasport), recomenda: “Dê preferência a cereais integrais, amidos – como o inhame e a batata -, e massas em geral. Dentre as frutas mais calóricas, o abacate é rico em ômega 3, uma boa gordura”. O endocrinologista Amélio de Godoy Matos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, também sugere. “Para ter mais energia, aumente o consumo de carboidratos como pães, batatas e arroz. Já quanto às gorduras, dê preferência às oleaginosas, encontradas em castanhas e nozes. Além de saudáveis, têm grande valor energético. Para temperar, utilize azeite, que é calórico e enriquece a alimentação”, sugere Dr. Godoy.
Mas atenção! Antes de sair turbinando o cardápio com alimentos super calóricos, é preciso descartar problemas de saúde. Dr. Amélio de Godoy alerta: “A primeira desconfiança é o hipertireoidismo, o mais comum estado de hipermetabolismo. Para descartar esta possibilidade, as taxas hormonais devem ser verificadas. Além disso, existem doenças, como o câncer e a tuberculose, que levam à perda de peso de uma hora para outra. Mas quem sempre foi magro precisa investigar a causa. Algumas pessoas são magras por uma questão genética, o que faz com que tenham um gasto de até mil calorias a mais que os outros. E tudo isso em repouso, sem levar em consideração a atividade física!”, diferencia Dr. Godoy, explicando como Adriana pode comer tanto, sem ganhar um grama.
Metabolismo sob controle
Diminuir esse gasto espontâneo de energia, porém, não é possível. “Não tem como. Mas, para compensar, a única saída é ingerir mais energia, comendo ainda mais”, revela o endocrinologista. Além disso, deve-se ficar atento a hábitos responsáveis por acelerar o metabolismo. “Um grande bebedor de café tem seu gasto de energia aumentado, pois a cafeína é um estimulante. Diminuir a ingestão de café, assim como de medicamentos de efeito estimulante, ajuda o organismo a economizar calorias”, explica Dr. Godoy.
Um outro hábito que deve ser cortado pelas magrinhas é o cigarro. “Ele é um grande aumentador de adrenalina e noradrenalina, contribuindo para acelerar o metabolismo”, afirma o médico. E, convenhamos, tudo o que você não quer agora é queimar as calorias armazenadas com tanta dificuldade. Apesar dessa certeza, a prática de exercícios – que provoca enorme queima de energia -, não deve ser deixada de lado. A nutricionista Leda Sequeira sugere: “Existem exercícios adequados, o que varia de pessoa para pessoa. Mas é sempre bom evitar exercícios de alta queima calórica, como os aeróbicos. Spinning e corrida nem pensar! Já a musculação ajuda a ganhar massa muscular. Outro exercício que pode ser muito benéfico é a ioga. Ela pode regular o metabolismo e controlar a ansiedade”, garante.
Engordar ou não, eis a questão
Por mais que sonhem com um quadril largo e coxas grossas, as magrinhas devem pensar duas vezes antes de recorrerem a uma dieta hipercalórica. “A princípio, não é interessante fazer ninguém engordar. Se a pessoa é magra e saudável, não faz sentido ganhar peso. Engordar pode, inclusive, aumentar a taxa de gordura no sangue, desencadeado problemas de saúde. O médico deve pesar se vale a pena. Em casos de histórico familiar de diabetes, dislipidemia, ou doenças cardiovasculares, não recomendo o aumento de peso”, diz o endocrinologista Amélio de Godoy.
Apesar das reclamações sobre a falta de gostosura, as mulheres de metabolismo acelerado sabem das vantagens de poder cometer o pecado da gula diariamente. “Acho que sofro menos do que quem luta para emagrecer. Pelo menos posso comer de tudo, sem crise. Não consigo seguir regras, como o que tenho vontade. Se eu tivesse tendência a engordar, não ia dar certo”, percebe a assessora Adriana Menezes. Da próxima vez em que for reclamar da calça que ficou larga, lembre-se do suplício das cheinhas. Para acompanhar o pensamento, um bolo de chocolate, para ser devorado sem dó nem piedade.
Serviço: 
Amélio de Godoy Matos, endocrinologista
Tel.: (21) 2579-0291; (21) 3431-3606
Leda Sequeira, nutricionista
Centro de Terapias Integradas
Rua General Urquiza, 128 – Leblon – Rio de Janeiro
Tel.: (21) 2274-3648

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